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O futuro da AI, o tal do J.O.L.O e tendências do turismo, Salvador, Lisboa y mucho más

O futuro da AI, o tal do J.O.L.O e tendências do turismo, Salvador, Lisboa y mucho más

Novas formas de viajar, o dilema da computação biohíbrida, a alegria de se desconectar, branding e etc.

Luis Felipe Di Mare
May 29th, 2024

📍Onde estou
Lisboa

✈️ onde vou
Itália

📖 Lendo
Livro dos Cegos - Marcos Salgado

🎵 Escutando
Casa Portuguesa - Amália Rodrigues

🧠 Pensando muito em
Viajar é preciso, mas estar onde se está é essencial. Comecei a escrever essa newsletter em Salvador, Bahia. Terminei em Lisboa. Adoro essa cidade. Fiz alguns movimentos para vir morar aqui no pré-pandemia. Até incentivei alguns amigos. Eu acabei não me mudando formalmente para cá. Eles vieram (ainda bem). De algum modo, estou em casa. De certa forma, quase sempre estou. Morei 10 anos fora do Brasil e tinha como meta passar em média 2-3 meses por ano por lá, no verão, of course. Mudei de continente e adaptei a rota. Hoje minha base é o Rio, mas acabei de chegar na Europa para uma nova season. Vou ficar um tempo por essas bandas cá.

Já comi pastelzinho de Belém, fui muito bem recebido (valeu Alê e Guto), mas estou in house trabalhando. É bom quando a gente viaja para um lugar que já conhece, sem aquela necessidade louca de sair por aí com programações a mil. Escrevo estas palavras olhando Lisboa do alto da varanda, sentindo o cheiro da cidade entre uma golada e outra de café. É claro que, em algum momento, eu vou sair, mas entrar pra dentro (redundância proposital) tem sido cada vez mais prazeroso.

Lembrei da minha terapeuta dizendo que não existe dentro e fora. Deixo essa aqui pra borbulhar a cabeça de vocês.

Turismo da Diáspora
Desconectar para reconectar. It’s J.O.L.O time!
O futuro da A.I… é a O.I
The Eye has to travel… O olhar tem que viajar…
O jabá dos amigos
Chuva de links

Turismo da Diáspora

Uma das palestras que assisti no SXSW e que encheu meu peito de amor e orgulho foi sobre Salvador e o projeto de torná-la globalmente reconhecida como uma capital Afro. Mais de 80% da população se autodeclara afrodescendente, e Salvador é a cidade mais preta fora da África. O turismo é a principal mola propulsora da cidade. Em 2023, a receita geral do turismo foi de mais de R$ 13 bilhões. Foram 8,8 milhões de turistas com gasto médio de R$ 1.265 por dia.

Foto Tiago Celestino via Unsplash.

Apesar da riqueza cultural, natural e pessoal, e dos números, a população negra não é a protagonista nesse cenário.  Por que, em geral:  

Os negros não são os donos dos estabelecimentos e negócios

Os produtos e serviços intermediados pelo mercado de trade são majoritariamente elencados por brancos

Há pouquíssimo investimento financeiro atrelado à preservação cultural das tradições

Fiquei surpreso e meio em choque que:

Menos de 5% dos turistas são estrangeiros. Recebemos pouquíssimos turistas internacionais. Para se ter uma ideia: os viajantes negros americanos gastaram 129,6 bilhões de dólares em viagens de lazer, em 2019

Não existem voos diretos de Salvador para cidades-chave dos EUA… nem mesmo para Nigéria e outras capitais da África

Cadê essa gente e essa grana toda?

Eis que surge um grande projeto: Salvador Capital Afro Movimento. Um projeto local da Prefeitura de Salvador, da Prodetur, e parte dele conta com o investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Já foram investidos 4 milhões de dólares na implementação desse plano de turismo negro.

Parte das estratégias e ações desse movimento foi criar um calendário específico com eventos que celebram a cultura negra para impulsionar o turismo de nicho. O mês de novembro passado, tornou-se o Mês Afro, e muitas pessoas viajaram para lá antecipando o verão, vivenciando a cidade com uma nova perspectiva cultural através de eventos cuidadosamente elaborados. Até Beyoncé fez check in na cidade.

Foto que fiz de um dos slides da palestra

É o momento de o mundo descobrir Salvador”, disse Antonio Pita do @diaspora.black e Isabel Aquino @hiperbel na palestra deles no SXSW. Eu fui, eu estava lá e concordo demais!

Para terminar esse ponto, vale lembrar como canta Carlinhos Brown:
"Quando ela começa a se abaianar, ela fica mais brasileira."

Falando nisso…

Desconectar para reconectar. It’s J.O.L.O time!

Já falei das siglas e movimentos do FOMO, JOMO, FOBO e, aqui na news, vocês descobriram o FUD. Agora é a vez do J.O.L.O, que significa Joy of Logging Out. Em bom e claro português: a alegria de se desconectar.

Isso é uma tendência forte no turismo, que está mudando à medida que os viajantes buscam destinos que promovam a desconexão digital e a conexão com a natureza. Sério, a gente precisa disso! A ilha de Ulko-Tammio, na Finlândia, tornou-se o primeiro destino "sem telefone", incentivando os visitantes a deixarem seus smartphones de lado para aproveitar melhor o local.

Ulko-Tammio - divulgação

No Reino Unido, a Unplugged oferece cabanas com a ideia de que os viajantes façam uma desintoxicação digital sem Wi-Fi perto de Londres e Manchester. Os visitantes guardam seus dispositivos por três dias. Conhecida como "3 Days Effect", essa prática promete reduzir o estresse e melhorar funções cognitivas. É uma espécie de Airbnb com uma proposta de valor singular.

As cabanas são lindas. Essa tendência está atrelada ao glamping e há quem faça algo similar no Brasil… como a Holmy.

By the way, uns amigos fizeram o Caminho de Santiago recentemente. Juro que não quis ver tudo e acompanhar as fotos para manter algumas paisagens e experiências inéditas ao meu olhar. Tô sentindo que é necessário viajar sem postar tanto, sem ficar tão ligado ao telefone. Adoramos os blogs, as dicas e etc., mas também sinto saudade de viajar para um lugar sem saber o que ver, onde comer, onde comprar e etc. De ir de maneira mais natural, mais orgânica, mais aberta, de ir no flow e deixar mais espaço para o inusitado e para o que acontece e fica só com a gente. Nem tudo precisa e deve ser compartilhado.

Mas adoraria ver vocês compartilhando essa news <3

Na contra-tendência…

O futuro da A.I… é a O.I

Já ouviu falar em Organoid Intelligence (OI)? Pois é, este é um campo emergente da ciência e tecnologia que combina biologia, engenharia e inteligência artificial para criar sistemas inteligentes a partir de organoides.

Mas o que são organoides? São estruturas tridimensionais cultivadas em laboratório que imitam características de órgãos humanos. Eles são desenvolvidos a partir de nossas células e podem replicar algumas funções complexas do nosso corpo.

Parece uma grande viagem e até maluquice, mas já está acontecendo. Isso provavelmente será chamado de o futuro da Inteligência Artificial. Em breve, tenho certeza de que vamos ver muitas publicações sobre isso. A ideia da computação biohíbrida é integrar esses organoides com dispositivos tecnológicos e sistemas de IA para criar respostas inteligentes a uma série de atividades, doenças e comportamentos.

Esse novo Apple Vision Pro já é capaz de captar muito do nosso corpo humano…

Será que será que será...

The Eye has to travel… O olhar tem que viajar…

Voltando ao afroturismo e Salvador, a Secretaria de Cultura acabou de lançar oficialmente o Rolê Afro. São vários roteiros e caminhos para valorizar diferentes partes da cidade e impulsionar esse turismo cheio de significado. Através de diversas experiências, os visitantes entram em contato com imersões afrocentradas conectadas com a ancestralidade, através da musicalidade, gastronomia, dança, artes plásticas, moda, etc. Eu explorei alguns desses pontos recentemente. Vou destacar aqui duas atividades must go:

Fotos que fiz no museu e no Zanzibar

Visitar o recém-reinaugurado MUNCAB - Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira. Está rolando uma exposição muito bacana chamada "Reverberações", do artista nigeriano Mudi Yahaya.
Almoçar no Zanzibar - comida baiana-africana com mais de 40 anos de tradição. Caetano e Gil até fizeram música para a chef Ana Célia Santos.
Uma joia que está ao lado de vários pontos importantes da cidade e que nós, turistas brancos, muitas vezes não procuramos conhecer… Pois, quem avisa amigo é. Dica dada!

O jabá dos amigos

No gancho do turismo com sentido, hoje recomendo aqui uma nova agência de viagens que tem um propósito e uma pegada diferente e cheia de significado. Quem está por trás desse empreendimento é Diego Imai, um brasileiro meio japonês, que já viajou para metade do mundo de uma forma nada óbvia. Diego é um explorador do mundo, no melhor sentido do verbo explorar. Ele tem um olhar sensível que é transformado em arte em suas fotografias. Sim, ele é fotógrafo também, mas hoje estamos falando sobre sua nova agência de viagens, a Varuna.

Lindo click do novo perfil da Varuna Voyages

Vejam o que ele me disse:

“Varuna é um deus hindu, ele navega entre mundos e épocas diferentes e tem o Makara como meio de transporte - que é um peixe que também navega no terrestre. Quero apresentar o mundo fora do que todo mundo conhece, é o tipo de viagem que eu sempre gostei de fazer, explorando o totalmente desconhecido.”

Diego Imai

Eu amo muito tudo isso! Voooa Varuna! E vocês, aproveitem e reservem suas passagens, hotéis e roteiros com o Diego e sua equipe. Link lá embaixo.

Rapidexxx

Foi lançada na França uma água: Le Sourcier ! Uma marca que vi nascer em Lyon e é mais uma empreitada da querida Tatiane. A marca nasceu engajada, consciente e com um design e projeto chiquíssimo! Allez-y!
Assisti no GloboPlay, Lourdes, o filme, que trata da maturidade e relação mães-filhos. Fofo!
Falando em filme assisti A Hora da Estrela, no cinema. Esse foi lançado nos anos 80 e agora reeditado em versão HD. Sim, o é do livro de Clarice Lispector.
Queria ter ido a premiére de EMI OFE, um filme gerado por inteligência artificial de Igi Ayedun no MIS, em São Paulo. Genial.
Fiz uma reunião com o pessoal do Maturi. 1ª e maior plataforma focada em diversidade etária e oportunidades para os 50+ do Brasil. Da-lhe economia prateada. Novidades em breve.
Recebi dois óculos de sol novos, um deles com haste de bamboo. Ambos da @BrazilBamboo
Anualmente recebo alunos de Illionois para uma visita na Papel Semente. Esse ano não estive presencialmente, mas a visita rolou e foi um sucesso!
Estava conversando com amigos sobre a importância do comercial e de ser vendedor. No final do dia...it's about vendas e numbers!
Fui chamado para fazer um publi para uma marca de apostas. Pra mim, não rola.
Almocei no Di Janela (délis!), da chef Nara Amaral e conheci o Bar Provisório, da mesma, que inclusive tem um corredor-galeria chancelado por Vik Muniz. Arretada.
Junho é mês do meu aniversário. As comemorações vão ser incríveis e vão se estender...